Loucura, defina-se
Que loucura é a vida, não?
Que tanto temos nós de loucos; que nada temos nós de estáveis.
Nem em matéria, nem em espírito, há linearidade.
Nos transformamos a todo instante. Cada segundo é único; cada segundo é breve. Jamais será igual. Jamais será o mesmo segundo vivido, passado, acabado.
Danifica-me, Oh Vida, a cada segundo que passa, desde que tornei-me matéria. Materializado em ser, ser humano, ser animal, ser natural.
Brevidade, transformação, loucura. É tanta palavra, é tanto fugaz, é tanto confuso; que me consome, me confunde, me embrulha, me ensurdece, me irrita, me incomoda.
Pensar definições, pensar métodos, pensar fórmulas, pensar constante. Como? Como, se tudo é brevidade, se tudo é fugaz, se tudo é segundo que passa e não se repete...
Matérias se danificam até o fim de tudo. Desmaterializa-se, some, desaparece, até se fundir ao nada. Que louco!
E espíritos? E almas? E pensamentos? Consciências, loucuras, amores, ódios e rancores? Para onde é que vão? Onde estarão? Serão também brevidade, como o segundo, como a matéria, como tudo? Tudo será mesmo tudo? Que de tanto ser tudo, torna-se nada?
Questões, perguntas, loucura, nervoso. Nervoso de pensar sem respostas. Sem fórmulas. Há alguém para explicar? Há alguém que desse futuro incerto ou certo, sei lá, há de voltar? E trazer respostas prontas, tontas de tanto que se quer explicar, mais confuso, mais tolice ficará.
Desisto será? de verdades viver, de mentiras fugir, de princípios abordar, contra a maldade lutar. Desisto será? de viver do jeito que disseram ser certo. Desisto será? de viver do jeito que a minha alma anseia por viver.
Quem serás tu alma minha? Quem serás? O que queres? De onde vens? Para onde vais? Responda-me. Responda-me. Não ouse enlouquecer-me. Enlouqueço-me assim. Brevidade. Segundo. Loucura. Vida. Afetos. Momentos. Passados. Futuros. Questões. Fim.