Morte no Paraíso

Parte I

Em meio a tantos

Eu tinha as asas e a arma

A arma imortal

E o poder da intervenção.

Concedido por um pai

A seu filho protegido

O súdito do presságio

Do que há além do mal.

E eu o amei além de todos

Amei demasiadamente

E os filhos do meu amor

Foram a inveja e o rancor.

Eu fui o cupido

E o seu primeiro beijo

Do amor da criação

Do amor da repressão.

Fui aquele que o amou

Um amor que resultou

No poder da criação

Do ódio, da punição.

Em lástima o meu desejo

Era tira-lo do poder

Não para governar

O amor era libertar.

Fui criado com um propósito

E que o tempo todo sabia

Você criou o propósito

Do meu amor, minha traição.

Parte II

Levado ao alto palanque

Amarrado em cordas divinas

Divino agora desgraçado

Das amarras fui transmutado!

Não houve sequer um julgamento

Não houve sequer a minha defesa

Fui sentenciado sem questionar

Sentenciado onde todo o amor

Era criado, gerado, espargido.

Fui lançado para o profundo

Abismo da solidão e do ódio

Da tortura, da vontade de matar

Da vontade de degolar

Enquanto agoniza em bolhas de sangue.

E enquanto eu olhava o céu além dos céus

E os povos saberiam o mal que criei

O mal de amar, amar além

Meus olhos fechavam

E os anjos diziam

Que aquela era

A primeira morte no paraíso.

E meu espírito caia

Em direção ao abismo

Da solidão.

“Deus mentiu para todos vocês

O inferno está completamente vazio.”