Aquele outro Eu
Olho de soslaio o tempo perdido,
Abrasado e abraçado ao tempo achado
Que tenta fazê-lo de lacaio...
Mas é em vão.
Olho o respeito dizendo ao “dito e feito”
O que deverá ser feito e refeito,
E futuramente refazê-lo, se preciso for...
Tendo em vista que é de antemão.
Pego o timão do barco e desbanco a maré vazia,
Enquanto no mar vazio esvazio um tonel de rum...
Arruinando o meu remoto céu azul que agora é somente ruim.
Mas sempre faço vista grossa à contramão.
Ganho plena confiança na mudança nebulosa,
Junto o Eu à suntuosa espada forjada em ouro branco
(meio metida à besta, confesso, mas bela e bem desenhada)
Com imagens bárbaras, baldias, poemas e frases sagradas.
A jornada é cenário – visual – a sentinela – visual –, nada anormal;
O verde ligeiramente me sorri com seus divinos dentes brancos,
Solta seus cabelos crespos e sua abastada voz rouca;
Solta seu jeito afetuoso que faz pouca qualquer incoerência...
Sorrateiramente encontro nesse ermo
O Eu mais bem escondido e verdadeiro.
E o verde...
Dá-me “bom dia”...
E agora posso quieto e atinado voltar ao ermo breu.
André Anlub
(1/4/15)
Site: poeteideser.blogspot.com