Neblina

(Esse poema apresenta, em versos, uma mistura de pensamentos aleatórios que passavam pela minha mente ao mesmo tempo em uma momento muito delicado.)

A vida é uma rua sem saída.

E eu nasci com muita pressa

de me expressar.

Tanta pressão interna,

que nada adianta se espremer.

Não vai sair meu sumo.

Eu sumo por completo e nada vai aparecer.

Será que se eu fingir que sou louco,

vão me isolar do resto do mundo?

Será que se eu fingir que sou louco

vou acreditar?

Acredito que não.

Não existe lugar nenhum

em que eu me sinta tão confortável

quanto aquele lugar em que olho

e só vejo a mim mesmo.

Acho que eu devia morar dentro de um espelho.

Acho melhor fingir que sou louco

pra poder viajar pra onde ninguém

tentará me esperar.

Quero me esconder atrás das cortinas

sem ninguém pra me procurar.

E sair quando bem entender

e rir sozinho.

E parar em seguida.

Eu mesmo vou reclamar de eu ser tão feliz da vida.

Por favor, acreditem que sou louco

pra que eu possa fugir dessa insanidade

chamada vida.

Essa insanidade que insulta,

onde só falta tomar multa quando se quer ficar em paz.

Acreditem e me mandem embora

pra eu partir sem remorso,

pra não viver

sempre morto.

Quero viajar pro mundo

onde os pensamentos me saiam com facilidade.

E as palavras venham prontas.

E eu não precise me lamentar.

Nada me vem pronto, nem mesmo o sentimento.

Construo minha própria tristeza

pra que ela desconstrua minha alma inteira.

Tem um pouco de masoquismo,

de tédio e segunda-feira.

Quero. Quero. Quero.

Tem tanta coisa que eu quero

que às vezes até penso que posso ser normal.

Mas o que eu quero tá aqui dentro,

só não sei como tirar.

Então volto à estaca zero.

Saio de manhã em um mundo às avessas.

A neblina tá aqui dentro,

do lado de fora tá bom.

Queria encontrar meu sangue correndo sangrando onde há sol.

Meu sangue corre na neblina,

Porque neblina é o que eu sou.

Por que a tristeza impede

que meus pensamentos

saiam de braços dados,

e não de qualquer jeito, se estapeando

sem respeito?

Quero ser são,

me adaptar,

não sei,

só quero deixar de me ser.