Em partes
Nunca é, jamais será minha,
essa parte de mim que procura
e perde-se quando se encontra.
À parte, ao se esvair de mim
e desencontrar-se, insana busca,
quando ao lado, acha-se ausente.
São dois, somados, se multiplicando
e um todo dividido entre aqui e ali,
entre aurora e outrora, sim e não.
É um pêndulo solto, ritmado,
num compasso único, feito coração,
em passo ininterrupto rumando ao nada.
Não, não é minha essa parte e sim,
eu esse que é fingindo não querer ser.
Sou e não, sim e não sou, assim sendo.
Sim, não sou esse eu, à parte,
invadindo cada vão onde não caibo,
acontecendo sem qualquer demanda.
Essa parte de mim, que busca,
perde-se de todo, quando se encontra
e se volta ao centro, de onde espelha-se,
espalhado.