Na caverna do apartamento
Os quadros são pinturas rupestres
Lâmpadas pingentes, estalactites
Os móveis, estalagmites quem sabe, modernas
E eu, ermitão com uma preguiça
Que em sedimentos já se convertem
Grilos-vagalumes-celulares invasivos
Importunam-me intermitentemente
E na imaginação com alguma procedência
Num campo de guerra em pedras-edifício
Os dentes de sabre me testam a prudência
O fogo entre os dentes me esfuma o salão
Nas minhas caçadas por presas geladas
Fatiadas, enlatadas, salgadas à mão
Sem pelo, nem nada como proteção
Vago, espero, rio, fico sério,
Rumino o que quero diante das telas
Da máquina austera de bits que imperam
Como quem venera um brilho de mistério
Na imobilidade da pedra sabão