Alguns poucos medos
Tenho medo do pecado que me ensinaram
Daqueles olhos ocultos que talvez nunca me olharam
Das fagulhas e estiletes nas más bocas e vis mãos
Dos traíras que estão camuflados em prontidão
Do orgulho que me impede de ver as verdades
Da preguiça de pensar e ter sagacidade
Tenho pavor da violência que ninguém percebe
Por estarem acostumados já ver tudo em série
Tenho até medo dos ventos que sopram lá fora
Algum trauma que nem tento reviver agora
Medo da felicidade porque é passageira
Mas que mostra como deveria ser se inteira
De ser rico e não usufruir como devia
De não ser e jamais saber o que escolheria
Calafrios das doenças que passam raspando
E vão apertando o cerco sempre a cada ano
Muito medo que minha fé murche com o sofrimento
E que tenha mil motivos pra arrependimentos
Tenho medo de tudo grande que não controlo
E do pequeno que se esconde quando às vezes choro
Tenho medo que a minha ambição descambe
E de que mesmo à distância ninguém mais me ame
Tenho medo dos castigos que o futuro traga
De correr algum perigo, de uma vida amarga.