PERDIDO

PERDIDO

Só vejo a fumaça

Dos trens da minha vida

A cabeça em arruaça

Saiu em férias da lida

Vestígios pululam

De forma aleatória

Numa confusa história

Que bocas ululam

Quase não sei mais de mim

Fiquei a meu ver pelo caminho

Desnorteado em descaminho

Creio aproximar-se o fim

Parece coisa de ópera bufa

De uma vida que não houve

Ouço gritos que ninguém ouve

E o coração não bate, lufa

Ando por onde não andei

Rio a chorar de rir

Parece que não sei

Perdi o ir e vir

Acho-me perdido

Nem mocinho nem bandido

Apenas vagas noções do eu

Que já não é meu

Sombra ao meio-dia

Não mais existo

Rodo pela via

Nada encontro, desisto

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/07/2014
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