Divagações gripadas de uma tarde cinza
o poema já nasce vadio com os dedos do poeta
subscrevendo-lhes a sina
ra ser ventilado por inúmeras pestanas,
pois a todas pertence, sem no entanto,
entregar-se em definitivo a alguém.
o poema é um menino de rua querendo abrigo
renegando o domínio de quem o gerou.
é uma prostituta beirando rua.
ede carona nos olhos de quem o ousam fitar.
permite assédios gratuitos às suas expostas curvas
para depois ser largado em abandono
no centro d’alguma alma suscetível
a ser atravessada por uma espada
perpendicular.