INVERNO

O que fazes aí fora

Infeliz bêbado

Buscando nevasca

Na neve?

Teu copo jaz

Gelado na janela,

Teu corpo entregue

Ao frio e ao relento

Goteja pelos poros

Inverno e a tua volta

Tudo é gelo e pó!

O cão já recolhe-se,

O mendigo cobre-se

E tu sem trapos, nu

Passeia pelas ruas

De pés descalços

E barba por fazer;

Gritas como se cantasses

E teus cânticos

São mais gelados

Que a tempestades

Que invocas;

Teu lamento fecha

Portas, apaga fogueiras,

O uivo de tua garganta

Faz temer a lua,

A cidade inteira

Treme em suas camas

Enquanto tu sozinho

Cantas e cantas o porvir:

Vede céu, Vede tudo

que por todo inverno

a cair no mundo

não há nada que chegue

ao frio do coração

humano e imundo!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 19/04/2014
Código do texto: T4774312
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