Caixa Musical
Tenho imensas memórias obscuras, guardadas na minha caixa de lembranças.
Se não as mantenho trancafiadas. Elas, constantemente, vêm me atormentar.
No final do livro há somente dedicatórias a inimigos.
Quem te estende à mão hoje, não pode, mas com certeza irá, apunhalá-lo mais tarde.
Minhas conversas nunca foram tão vazias, tão sem sentido.
Meu sorriso nunca foi tão vazio, sem cor...
Sempre será indescritível, indecifrável.
Uma flor nasce no mundo. Onde o próprio canta uma “ciranda” estranha
Uma rosa atinge a sua forma esplendida, virtuosa e viva.
Um caule no outro dia amanhece amassado, murcho no canto do asfalto.
Beira a vários carros que passam por ti em um “sol de meio dia”
Acaba assim, e vem o tão esperado fim.
Encerra por mim, por estes passos sobre o lajedo.
Bebeste, usaste, tragaste teu imensurável sobejo.
Lá vem a madrugada, a verdadeira, encerrada em um amargo beijo...