TODOS OS SEUS DIAS SÃO OS ÚLTIMOS.
TODOS OS SEUS DIAS SÃO OS ÚLTIMOS
As enzimas manam, e soltas, pela boca no guaiar do verme
Deprime os da sua raça, infecta-os com sua epidemia de tristeza
E no hercúleo esforço faz-se vítima de seu mau nascimento
O cérebro é o sacrário cáustico do conjunto desse germe
Do homem, helminte, que vive nas sombras de luz da enviesa
Reclamista da sorte que abraça o azar de todo sofrimento
Onde langoroso,... É réprobo da paz que tanto almeja.
O lobo tem seus dentes de sabre, mas também uma jugular macia
A vida tem seus esporões, então a viva! E não lamente as dores
Todos os seus dias são os últimos, ponha nesse bolo uma cereja
Ao pensar, ou ansiar a morte, somente trar-te-á agonia,...
Esporre a gentileza e agradeça a natureza, saia dos bastidores
Despoje-te da amargura, do vômito do seu goivar...
Seu coração de granito esquecerá-se da pressão do seu pesar.
Dir-te-ia palavras mentirosas se não fosse eu um poeta escroto?
Sopro pensamentos realísticos na escrita do meu arroto
Na esquina dos meus neurônios há um trinado das caligens
Porem, ele é sabedor que é usual de outras origens,...
De um universo em marulhada com os seus abismos
E de uma vingança por todos os nossos atos de cinismos.
Dôo meus órgãos para os egoicos do latifúndio da ganância
Porque a eles o pobre tem que morrer na fila da ignorância
À espera de uma sobrevida, de um suspiro de compaixão
Então, dar-lhes-ei inefavelmente essa desgraçada abolição
Para que viva mais,... E com muito mais,... Infelicidade.
Somos mortais desde a maternidade e temos a saúde da saudade
Onde guardamos na lembrança a alegria dos nossos ancestrais
E a amnésia dos momentos fúnebres faz-nos pulcros existenciais.
E,... Mesmo que os seus dias sejam os derradeiros,...
Jamais os últimos,... Olvidarão dos primeiros.
CHICO DE ARRUDA.