O poeta vadio
O poeta vadio descia apressadamente as escadas
Fumava um cigarro e tossia nos intervalos entre os tragos
Trazia consigo uma bolsa e muitos livros
Também muitos sonhos e impressões, o poeta vadio pensava muito
Observa os transeuntes, sentia-se também observado, observava a si mesmo.
O poeta vadio as vezes sentava num bar, pedia uma cerveja, tentava ler um pouco
Cantarolava algumas canções, lembrava da família, acendia mais um cigarro
O poeta vadio não gostava da policia militar, achava-a despreparada, violenta, hostil
As vezes era incomodado por militares por fumar um de seus cigarros
Sentava debaixo de árvores, em cima delas, queria paz, procurava-a.
Quando encontrava um lugar silencioso e sombreado, acendia um cigarro, punha-se a ler
O poeta vadio, vez em quando, penejava uns versos, os dava de presente
As vezes os guardava, memorizava, outras nem lia, sequer escrevia. Só pensava.
O poeta, o poeta... Ah, o poeta, poetizava. Bebia, lia e fumava.
E assim seguia, não queria nem saber:
Como seria sua vida se parasse de fumar, beber, ler...
Não sabia, e também, para que?
Se vivendo como vivia o poeta sorria, até o dia que o poeta veio a morrer.