O poeta vadio

O poeta vadio descia apressadamente as escadas

Fumava um cigarro e tossia nos intervalos entre os tragos

Trazia consigo uma bolsa e muitos livros

Também muitos sonhos e impressões, o poeta vadio pensava muito

Observa os transeuntes, sentia-se também observado, observava a si mesmo.

O poeta vadio as vezes sentava num bar, pedia uma cerveja, tentava ler um pouco

Cantarolava algumas canções, lembrava da família, acendia mais um cigarro

O poeta vadio não gostava da policia militar, achava-a despreparada, violenta, hostil

As vezes era incomodado por militares por fumar um de seus cigarros

Sentava debaixo de árvores, em cima delas, queria paz, procurava-a.

Quando encontrava um lugar silencioso e sombreado, acendia um cigarro, punha-se a ler

O poeta vadio, vez em quando, penejava uns versos, os dava de presente

As vezes os guardava, memorizava, outras nem lia, sequer escrevia. Só pensava.

O poeta, o poeta... Ah, o poeta, poetizava. Bebia, lia e fumava.

E assim seguia, não queria nem saber:

Como seria sua vida se parasse de fumar, beber, ler...

Não sabia, e também, para que?

Se vivendo como vivia o poeta sorria, até o dia que o poeta veio a morrer.

João Caetano
Enviado por João Caetano em 29/08/2013
Código do texto: T4457942
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