POÉTICA DESGRAÇADA

POÉTICA DESGRAÇADA

E eis-me diante às brancas páginas que pensa

Na clausura da via láctea de trevas luzidias

Nas vascas da agonia duma própria sentença

No carnaval de sangue das minhas pornografias.

Quem perscruta essa poética desgraçada

Vê que a brandura desse peito foi descabaçada

Pela bruteza do homem se aclimando ao mal

E por gentileza se igualar a um pífio animal.

As arcas encouradas da existência que descora

Dimana neo-santos que do roubo não se cansa

E faz a juventude desrespeitar a esperança

Na romaria dos maus exemplos que ancora.

Hás de desembainhar a espada da educação

Para estrangular o indômito rábido falaz

Nos nimbos ascensionais de tua dedicação

Para que no mundo perpetue o excesso de paz.

Sou fruto de uma humanidade que manieta,...

Até os pensamentos que porventura não completa

A sua falsa moral quebrantada de preconceitos

E que reza à desprezibilidade de todos os defeitos

Como se a vida fosse prenhe do teu rosário.

Ora! Que para o mundo escarro meus parasitas

Nas faces tristes dessas gentes esquisitas

Que no túmulo não apagarão velas de aniversário

E cá lhes deixo o meu escárnio como reverência.

Eu que só tenho a morte como excelência

Miseravelmente sorrio para toda subserviência

A essa espécie, que ainda caminha, em experiência.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 09/08/2013
Código do texto: T4426082
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