Dor
Eu hoje pisei no seu pé e você me sorriu
Esbarrei no seu ombro e você nem sentiu
Derramei o café, sujei a sua roupa e cuspi no chão
Rasguei as cortinas, quebrei as janelas, comi o seu pão
Eu queimei seu trabalho, esperando que fosse brigar
E você simplesmente não parava de me olhar
Não um olhar de pavor nem um olhar de censura
Você apenas me olhava com um ar de pura doçura
Então me estendeu a mão e a princípio não entendi
Deu-me um beijo no rosto, nada fez pra me impedir
E quando então à noitinha, você veio feito criança
Pediu pra botar no colo e pediu para eu ter esperança
Pois hoje o que arde na pele me machuca e faz doer
Mas o sol que hoje se põe, certamente amanhã vai nascer