A DOR DE UMA ARTE
A DOR DE UMA ARTE
Meu corpo, templo do azar, tem seus idiomas
Ladra numa babel de ruídos arrítmicos
Sons da fadiga de abióticos materiais escrotos
É usina tirana que conquista dores novas
Agora o pulmão cansa nas retas de seus comas.
Sugiro aos dedos todas as forças dos tísicos
Para a mente panteísta expor, os seus arrotos
Silvar nas laudas da insânia, minhas desovas
Os uivos de um bardo com sarna na língua
Que faz o inventario de neurônios piolhentos
Com firma registrada no cartório da arrogância
... O ubuntu Sul Africano é um conceito sábio
Conquanto não usável por uma raça em íngua.
Testo todos os órgãos, os obsoletos, os violentos
E ao extremo os elevo! E os vermes têm ânsia
De mostrar o pus escorrer no canto do lábio
Nos efebos males de células em icterícia...
Nem sei qual deles é mais deletério
Acho que são gêmulas da mesma imperícia
Óvulos e espermatozóides destinados ao cemitério
E esse clã belígero dessa mixórdia que me rói
É um furdunço de dores que me amam
São as dádivas por sensos que me inflamam,...
Mas saibam, escrever é a arte que mais me dói.
CHICO DE ARRUDA.