DEPOIS DO SOFRIMENTO...
 
minhas lembranças são lamentos renascentistas
na perspectiva d’algum poema anti- clássico;
nas tramas de comédias profanistas
ainda torturados por crenças medievais
de ancestrais tardes e manhãs... noites e madrugadas...
rabiscados entre tempestades e sol... sob um cais
onde jaz o fogo de minha própria inquisição;  
A memória não esquece... grita a alma...
o choro... o medo... o sonho desvanecido sem chão
ainda ecoa sob o elmo de bárbaras ilusões...
ainda fere o fio da espada a varrer os espaços
monásticos de minha terra santa... sacras punções
a sangrarem o eu herege e místico
que, de joelhos, um canto poético entoa
pelas catedrais d’alma... ao perfume de hibiscos;
Versos rompem penínsulas e entrelinhas alvas;
estremecem as abóbadas celestes de meu ser
em busca de razões esfumadas e parvas
nas evidências empíricas dos versos desse poema,
oráculo eclesiástico e filosófico
a oscilar minha doutrina e meu estratagema
para não mais sofrer...
 

( Imagem google)