Breu

Ouve um tempo em que tudo em mim era escuridão

Eu era a própria noite, as trevas e a solidão

Eu era o medo e a insônia

O pavor das sombras na parede

Imagens que criava em rostos que inventava

O breu morando no meu Eu

Nada tinha de meu

Pois tudo em mim era teu

Ouve um tempo em que fui chuva

Temporal em meu peito

Correnteza em meus olhos

Inundado de tua indiferença

E ainda assim, transbordando-me de ti

Derramando-me em teu corpo

Feito um bêbado, um louco

Ouve um tempo em que deixe de ser

Nada fui, nada amei

Nada vivi e nada desejei

Fui o mais completo vazio

E ainda sou, desde o dia que em mim

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O Palhaço e o Poeta
Enviado por O Palhaço e o Poeta em 22/08/2012
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