Breu
Ouve um tempo em que tudo em mim era escuridão
Eu era a própria noite, as trevas e a solidão
Eu era o medo e a insônia
O pavor das sombras na parede
Imagens que criava em rostos que inventava
O breu morando no meu Eu
Nada tinha de meu
Pois tudo em mim era teu
Ouve um tempo em que fui chuva
Temporal em meu peito
Correnteza em meus olhos
Inundado de tua indiferença
E ainda assim, transbordando-me de ti
Derramando-me em teu corpo
Feito um bêbado, um louco
Ouve um tempo em que deixe de ser
Nada fui, nada amei
Nada vivi e nada desejei
Fui o mais completo vazio
E ainda sou, desde o dia que em mim
Você entrou