A DOR DOS MEUS LUXOS

A DOR DOS MEUS LUXOS

Oh dores! Estão purificadas nas âmbulas do meu encéfalo

Na felicidade de cada molécula adstrita que me odeia.

Ah! A cabeça me dói na constância de sua homofagia

E um mormaço de lucidez assa-me, irrita-se-lhe nictalope...

Sou um caos que estruge no decadente corpo humano espúrio.

Invejo os tanatofóbicos, dominam a síntese da intranqüilidade

Enquanto eu, vago dos anéis de saturno às chamas de mercúrio

Da pangeia à teoria da evolução,... Sou o iceberg da ansiedade

Do afã por desbravar farraparias sem amolar-me com o incoerente

Essa é incoercível agrura que me espicaça com um eretismo atroz.

Vejo os escolhos de uma democracia mundial que é o nosso algoz

Os calibres das chaminés intoxicarem o céu com a fumaça fulgente

As inúmeras doenças, inclusive o homem, maltratarem a Terra

E os eunucos da educação aviltar a paz na ignomínia da guerra.

Meus anelos são ilusórios mediante a uma realidade sibarita

Quero gerir meu próprio pus! Na minha douda verdade cenobita.

Compreendo quem não me compreende, pois também não me tolero

Que bacante viveria comigo? Guardarei em ânforas meus atavismos malditos!

E os afogarei no rio Tietê, para que nossas gosmas pestilentas os corroam.

A luz que me cega,... Faz-se escuridão nos anímicos hipócritas tácitos

Estou só,... E famulento das orgias de conhecimentos extragalácticos.

Certa vez, durante uma cirurgia, viajei em brumas escarlates e brancas

Vi minha mãe que me deixou cedo e foi para novos mundos umbráticos

Vi gente feroz! Amigos, irmãos,... Percebi que não há céu sem travancas

E ao acordar alheado, modorrento da anestesia, instilei meu sorriso

Meu plasma fluía solto no meu sangue amarfanhado de antígeno

Os neurônios bateram palmas na estepe de meu cérebro morbígeno

E nos pandemônios dos hassídicos, fulgi que todo reino é sem piso.

A dor é-me intrínseca, vem inconsútil nas carnes que são meu luxo

Mas até as lombrigas, amebas e parasitas que habitam meu bucho

Estão em conivência, e convivem bem com minhas úlceras de vida

Aguardam os meus últimos suspiros,... Para comer-me na despedida.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 09/08/2012
Código do texto: T3822179
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