INSONE DECOMPOSIÇÃO
INSONE DECOMPOSIÇÃO
A ruína fortuita consome meu vasto e raso siso
Imagens de outros mundos sonham meus sonos
Dormem-me acordado. Sou cão chorando meu riso
Mordendo e morrendo na hidrofobia dos abandonos,...
Nos conchavos copulativos de cosmos ignotos
Na ciência obscura de sonambúlicos forasteiros
Que vivem na terra dos céus com deuses passageiros.
Que espécie de morte excitante aprecia meus esgotos?!
O mundo poderia não ser de outro mundo,...
Pois minhas perguntas não mais me deixariam meditabundo!
Sou estraçoado sem dó e meus cacos corrompem espaços
Tentam decifrar hieróglifos que me conduzem aos baraços...
E meu cérebro, é meu patíbulo. O macaco não quer a ressurreição.
Como dói pensar os meus pensamentos, são-me sofrimentos!
Não posso mais dormir, tão pouco sonhar, estou em decomposição
E essa tal putrefação, é-me insone desde os fins dos nascimentos.
Deveria eu morar num lupanar, nas bundas das orgias
Pois talvez somente assim não mais ejaculasse minhas agonias
Divertir-me-ia com os prazeres do desprazer de ser ignorante
Com as sifilíticas compreensões de um submundo petulante.
Alcoólatra das letras eu vou com o verme indomesticável
Expondo minhas almorreimas cerebrais
Na contundência de minhas verdades infernais
E na paz ácida, que trava uma guerra com o inexplicável.
Um dia sei que dormirei,... Num solo fértil de estrelas
Onde os sonhos ser-me-ão pulsares na multidão de abismos
E na residência da luz de quem não quer mais vê-las.
Sepultar-me-ei nesse clã e conhecerei seus organismos.
CHICO DE ARRUDA.