INSONE DECOMPOSIÇÃO

INSONE DECOMPOSIÇÃO

A ruína fortuita consome meu vasto e raso siso

Imagens de outros mundos sonham meus sonos

Dormem-me acordado. Sou cão chorando meu riso

Mordendo e morrendo na hidrofobia dos abandonos,...

Nos conchavos copulativos de cosmos ignotos

Na ciência obscura de sonambúlicos forasteiros

Que vivem na terra dos céus com deuses passageiros.

Que espécie de morte excitante aprecia meus esgotos?!

O mundo poderia não ser de outro mundo,...

Pois minhas perguntas não mais me deixariam meditabundo!

Sou estraçoado sem dó e meus cacos corrompem espaços

Tentam decifrar hieróglifos que me conduzem aos baraços...

E meu cérebro, é meu patíbulo. O macaco não quer a ressurreição.

Como dói pensar os meus pensamentos, são-me sofrimentos!

Não posso mais dormir, tão pouco sonhar, estou em decomposição

E essa tal putrefação, é-me insone desde os fins dos nascimentos.

Deveria eu morar num lupanar, nas bundas das orgias

Pois talvez somente assim não mais ejaculasse minhas agonias

Divertir-me-ia com os prazeres do desprazer de ser ignorante

Com as sifilíticas compreensões de um submundo petulante.

Alcoólatra das letras eu vou com o verme indomesticável

Expondo minhas almorreimas cerebrais

Na contundência de minhas verdades infernais

E na paz ácida, que trava uma guerra com o inexplicável.

Um dia sei que dormirei,... Num solo fértil de estrelas

Onde os sonhos ser-me-ão pulsares na multidão de abismos

E na residência da luz de quem não quer mais vê-las.

Sepultar-me-ei nesse clã e conhecerei seus organismos.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 10/07/2012
Reeditado em 21/07/2012
Código do texto: T3769569
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