BALADA DA VIDA
BALADA DA VIDA
Vinde oh filha do sangue ignoto!
Flua dos calhandros de abismos siderais
Rasteje sua sina, pelos cosmos, assassina
Exclame insânias da fétida boca-esgoto
Faça a marulhada em nossas substâncias desleais
Vê-te, vórtice de desconsiderações
E cuspa vilanaz em suas concepções.
Gefíreos, rotíferos, briozoários, braquiópodes,...
Hei-nos,... Teus descendentes!
Subnutridos da vacante humanidade
Exterminadores de tudo que é frutescente
Finde com esse subdelírio insolente
Vomite desdenhas em nossa imaturidade
E seja o sicário do arrogante inteligente...
... Ser acefalópode, deus dos esquizóides.
O universo está em constante antropofagia
E ninguém tem comiseração da natureza?!
Nascem, vivem e morrem na antropolatria
E a deificação,... Só traz crueza.
Dessa galáxia, somos todos os espúrios
A vida da não-vida nos suicida...
E o eloqüente canta sonâmbulos versos exuberantes
Afoga-se em seus augúrios...
É desimportante qualquer medida
Pois seu cérebro infla-se em juízos repugnantes.
Quem não abre mão do submundo dos confortos
Consome-se na ambigüidade de seus abortos.
Oh filho antrópico da filha enigma!
Padece com as incertezas da imortalidade
Cria mundos imagéticos para tua salvação
Mas de tua existência não fez bom paradigma
Enlameou-se e definha na preposteridade
Narcisista tu és! Vá-te vulto da vil sedução...
Interrogue-se no porquê de subsistir
E verás que muito temos que construir.
A vida só é paciente com a morte
Somos nós os consortes de sermos seus pacientes.
CHICO DE ARRUDA.