DEVANEIOS
(Sócrates Di Lima)
As vezes louco,
Poucas vezes sano,
Mas, pouco a pouco,
Me faço profano.
Cigano do nada,
Nômade da minha vontade,
E na busca incessante da verdade,
Me perco na vertigem da ansiedade.
As vezes sonho,
Dormindo,
Acordado,
Assumindo,
Meu fado.
As vezes canto,
Sorrio,
Choro,
As vezes imploro,
Espanto,
Meu vazio.
Divago,
E nesse divagar me encontro,
Nas asas de uma solidão que se aproxima,
Me alucina,
Em não querer ser solitário.
Se eu tivesse um calvário,
Então carregaria a minha cruz,
Mas, no meu calendário,
O amor me seduz.
As vezes tenho medo,
Dos meus segredos,
Dos meus enrredos,
Degredos,
De uma vida louca,
Pouca,
Pra me fazer feliz.
As vezes amo,
Me dano,
Chamo,
A saudade pelo nome,
Que me dá fome,
Do amor,
Do sexo,
Do prazer.
Devaneios,
Anseios,
De um novo amor,
Tão louco quanto perverso,
Que no inverso,
Do meu universo,
Suprimirá a dor,
E espero,
O que quero,
E que ainda não veio,
E quando virá,
Me fará,
Mais louco do que sou,
Então,
Longe da escuridão,
Por sorte,
Não terei mais devaneios.