HÁ MORTE NO CIO DO SABER

HÁ MORTE NO CIO DO SABER

Eu morri quando nasci, quando o sociopata de jaleco branco

Estapeou-me. Quando meus pais morreram de sorrisos

E quando sem consciência chorei.

Chorei minha alegria singela na incompreensão do nada

Na divina juventude irresponsável

No dever de, ainda, não ter dever

E na ilusão que a vida é um eterno brinquedo.

Os tolos não sentem dor,... Que inveja!

Cresci vendo um mundo de brincadeiras...

Brincadeiras mortais! O povo,... Vê muitas cegueiras...

Ao ver,... Humanos latrinários pulando a carniça do funcionário

Ao transformar o extraordinário em ordinário

E espalhar uma democracia na guerra dos mercenários.

Vi morto de dor sarjetas sanguinolentas

Irmãos, mendigos humanos da violência

Reféns de políticas fraudulentas

E de uma moral nula de referência.

Elegi políticos sem treinamento

Profissionais do perecimento.

Vi, também, as coisas mais belas nas feiúras necessárias,...

Nos bancos dos idosos, ouvi rugas de sabedoria

Na menina paraplégica, senti a arte de viver

No surdo-mudo compreendi a ânsia de saber

Os órfãos ensinaram-me que o amor, é um patrimônio.

Eu li vários livros,... Com muitos ignorantes

E enxerguei no mundo dos cegos, céus de diamantes.

E isso, usando os raios-X do coração, essas não são temporárias.

O sentimento de uma nação sempre esteve no valor,...

Valor do vintém, do rés, do cruzeiro, do cruzado, do cruzado novo

E hoje, é real. A hipocrisia estava na aparência da pedofilia

Na elegância feudal que escravizava o que desconhecia

Que se submetiam às madames das orgias

Que expunham sua autobiografia como boa mercadoria

E que casavam suas filhas com as posses de boa família.

Eu morri, e choro desde ontem por viver no cio do saber

Por nascer na inconseqüência da imperfeição

Por ser versado em arrogância,... Na ilusão de ter a preferência...

Na felicidade efêmera de ser um infeliz tempero

Adicionado a todo desespero.

Odeio minha substância,...

Uma cicuta aromática viva num cosmo recruta

Sou uma fragrância com prazo de validade vencido

Inapetente de harmonia, de desconhecida etimologia

De ser a caligrafia mágica de uma caneta sem tinta

Rabiscado por voluptuosa vaidade,... Sou o câncer da humanidade

E a inveja de todo capeta habitante desse planeta.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 12/04/2012
Código do texto: T3609404
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.