OS SONS DA NOITE
OS SONS DA NOITE
Deito-me, procaz do meu sofá de esqueléticas molas
Vejo a televisão sem ouvir,... E o pensamento
... Vadia na algibeira de uma mente incaica.
O sono noturno é-me um mensageiro canibalesco
Açoita-me com petardos e metralhas hidrofóbicos...
Os vermes e a caniana, passeiam pela sala
Abro a janela e vejo um céu de parablastos
O cérebro humano tem seus próprios pesadumes.
Passo noites escuras em plena claridade
Ancilário das minhas loucuras sou um cão das estrelas...
Que ouve os sons da noite na engenharia de uma peçonha
Que é só minha! Imaginária diáboa.
Tanjo ares neurais com sonhos despertos
Desfilo pela casa em sonambúlicos pesadelos
Passo o café e fumo meu cigarro aferroador.
Nas vozes afora, floram os duelos animalicidas
São tantos os grunhidos portadores do terror
Que mais me amedronto com a insônia dos meus sons.
O dia vem-me morfético e o meu corpo sorri
Alegra-se com a iminência de um novo sol,...
Suntuoso e portador de promissora rotina.
Láudano, descabaço meu cérebro para o sono diurno
E durmo mudo dos meus sons profanos
Dos meus fantasmas que, gostando ou não,...
São as más companhias boas,... Que me invadem n’outras cosmogonias.
CHICO DE ARRUDA.