Sol Noturno

É sol, mesmo sendo noite,

Nada de aurora boreal,

O espetáculo que vemos hoje,

Deriva de algo menos fenomenal.

Não é a lua confundida,

Mas um halo solar desnudado,

Surgindo através de nuvens perdidas,

Com trevosos e potentes raios.

Sua luminosidade é obscura,

Sombreando no ápice da Terra.

Um negrume de imensa espessura,

Pairando sobre as cabeças patéticas.

Alcança além da visão,

Não precisa de luz para se fazer,

Mas se faz perceber em um clarão,

Expandindo até não mais se conceber.

O olho velado de Seth,

Sempre a espreitar a vida,

Há quem por sacrifício se entregue,

Segue seu curso em um ciclo sem saída.

É o ponto mais concentrado,

No coro de Nuit, uma pinta,

Adorno de sistemas impensados,

Eclipse ao contrário que ilumina.

Seria a luz outra forma de escuridão?

Onde vemos a fresta da dobra do negro,

Força que escapa na torção,

Para se desdobrar em movimento ligeiro.