Sem causa, só corações
Estância-SE, 20 de abril de 2011
O grito soou como descarga de banheiro
Os meus olhos choveram como água de chuveiro
E o banho foi gélido
Feito um ácido que corrói
Eu despido frente ao espelho
Ponho as mãos na pia
Levo as culpas pelo ralo
Pelas pétalas dos meus olhos
Olho a sala
Vou pro quarto
São cômodos incômodos
De um ranço partido em partes iguais
Mortais de gritos estridentes
Rígidos os dentes
Um câncer interno de revolução
Sem causa
Só corações.