Sem causa, só corações

Estância-SE, 20 de abril de 2011

O grito soou como descarga de banheiro

Os meus olhos choveram como água de chuveiro

E o banho foi gélido

Feito um ácido que corrói

Eu despido frente ao espelho

Ponho as mãos na pia

Levo as culpas pelo ralo

Pelas pétalas dos meus olhos

Olho a sala

Vou pro quarto

São cômodos incômodos

De um ranço partido em partes iguais

Mortais de gritos estridentes

Rígidos os dentes

Um câncer interno de revolução

Sem causa

Só corações.

Tarcísio Ramos
Enviado por Tarcísio Ramos em 22/01/2012
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