Outra Perspectiva
Se a doença,
Não mais ferisse,
Mais na convalescença,
Os sujeitos se unissem.
Em vez de uma cura,
A conformidade ao estado,
Apoio diante da luta,
Desapego ao sofrimento vivenciado.
Fé feita de algo mais palpável,
Materializada em gestos de apoio,
Não mais um mundo inalcançável,
Quem age o faz em vida e não depois de morto.
A mão que lhe acaricia no afago,
Também te apedreja no cadafalso,
Hoje é roupa fina e manhã puro trapo,
O raso é tão fundo do alto.
Come esse alimento,
Amanhã será tu que servirá de pasto,
Chora enquanto houver lágrimas dentro,
O mundo acolherá seu precioso lago.
Faça emergir dessa melancolia,
Flores dramáticas,
De um jardim de misantropia,
Com insetos que são apenas traças.
Que o firmamento caia,
Estejamos suspensos no nada,
A gravidade não nos subtraia,
O vácuo será nossa única morada.
A piedade para com outros animais,
Levada aos desabrigados,
Que são tidos como sujos marginais,
Simplesmente até então ignorados.
Políticos profissionais sendo demitidos,
Cidadãos assumindo sua posição atuante,
Que os governos provem esse anarquismo,
As tradições sendo destituídas a todo instante.
A virtude não será mais exaltada,
Teremos o hábito de ser virtuosos,
As moralizações estarão abaladas,
O desespero de manipuladores religiosos.
O sol não será mais o centro,
Nem mais ponto algum nos guiará,
Fragmentados sem fora e nem dentro,
Criadores do que nunca se concluirá.