O CÂNCER
O CÂNCER
Paira sobre nós todos os tipos de doenças
Deformações anatômicas são as melhores
Pois as piores,... Não nos pedem licenças
Instalam-se e infectam-nos com primores.
Bactéria que somos atraímos os malditos
E sem escolhos enraízam purulentos.
Em nosso corpo habitam vermes sanguinolentos
Almoçam e jantam na vaidade dos eruditos,...
Aos que se julgam tão abençoados
Que despontam socialmente bem apessoados
E desviam-se dos desgraçados,...
Saibam que todos os seres vivos nascem degenerados.
Oh! Cancro rugoso e hirto
Brote telúrico ou celeste
Venha éolo difundir sua peste,...
Nessas entranhas que me divirto
Torno-me cônscio do humano azêmola...
E escarre teu ópio com a febre trêmula.
O câncer é um bem a nos mostrar
O mau que em nós há
É o pecado que veio nos ensinar
Que nenhum organismo escapará da cal e da pá.
Asco de amor faz-me um careca cadavérico.
Sanguessuga de um universo colérico
Coca cultivada em perecíveis vísceras
Viva!... Nas minhas compaixões frutíferas.
Vi amigos e familiares
Tornarem-se objetos vulgares
E nenhum insigne humano
Inventou o antídoto insano...
Também, o que lucrariam os laboratórios?
A ciência das porcarias está em todas as drogarias
Em todos os estames governos em probatórios
E nossa melhoria,... Não está em academia.
Ah! Desprezível e mentirosa ondina
Ofertam para ti sacrifícios para a salvação
E tu, te escondes na neblina...
Tua crença,... É-nos uma infecção.
Um dia guerrearei com essa moléstia
Babarei minha hidrofobia contagiosa
Na amnésia de uma procissão misteriosa
E ainda assim, fluirei como réstia...
Portanto, incinere o verme que sou,...
Deixem-me na paz que jamais me asilou
Amem com ódio esse escritor...
... O citoplasma do subterrâneo vigiará tua dor...
... O maior mal,... É o mental.
Eu,... Meu câncer.
CHICO DE ARRUDA.