CAVERNA VAZIA
CAVERNA VAZIA
O túmulo está vago, a alma vaga,... E o defunto?
Porque não fedeu? Vem-me a sagaz crueza...
De crer que ao padecer sobe todo o conjunto
Mentira! Miserável conceito me causa estranheza...
Então, fora com as necrópoles! Espaço irracional
Constituem macabras metrópoles. Vida na horizontal.
Fazem-me pensar, pensamentos maledicentes...
E subestimam os homos sapiens inteligentes.
Quero ver o cadáver desse vosso messias
E não me ultrajem com as suas teopsias
Teorias sem provas aniquilaram inocentes
Engrandecendo todas as moléstias evidentes.
No escrito corrompido enraizou o imprescindível
A profissão da fé, onde toda benção é vendível.
Até o sicário benze-se para pedir proteção
Para obter êxito na execução.
Leio e releio, e observo equívocos crassos
Desde os primórdios de patriarcas devassos.
Tanto consentimento para o alienamento.
Não há virgem que pari,...
E nem morte sem corpo
Isso me é demasiado morbo.
Quiçá seja eu obsoleto como micro organismo
E a hipocrisia não me afeta para angariar freguesia
Mas sem fanatismos, faço-me adepto do pragmatismo.
Cadê tua ossada? Onde foi parar,...
Livre-me dessa cilada! Quem vai lucrar?
Não sou descrente,... E não me curvo ante ao incoerente.
CHICO DE ARRUDA.