A LÁPIDE

A LÁPIDE

Oh lápide esquecida! E de granito lodoso

Crucificada nesta terra tão fecunda

Não quero ver a foto do teu rosto famoso

Sem carne,... Seu húmus agora abunda.

Não há cemitério mais maldito

Do que o meu córtex cerebral,...

E nele, a saudade faz-se catedral...

E é o habitat de um choro infinito.

Agoniza-me pensar que dormirei nesse lugar

Retalhem meu corpo, e doem o que prestar.

Desfragmentem meus ossos, essa vil escultura...

Há muito cálcio nessa estrutura.

Oh lápide que não verás meu corpo!

Tracei o meu destino quando vivia torto.

Se a terra é meu sepulcro, porque o céu é meu conforto?

Não quero padres, pastores e cânticos profanos...

Quero ser entregue aos bisturis dos estudiosos

Não me misturarei à sanha de hipócritas religiosos.

Oh mônada das minhas taxias!!!

A coluna funerária não verá lápide tão larval

Esse abstruso ser, vai pairar em um universo irreal.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 27/10/2011
Código do texto: T3301813
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