A LÁPIDE
A LÁPIDE
Oh lápide esquecida! E de granito lodoso
Crucificada nesta terra tão fecunda
Não quero ver a foto do teu rosto famoso
Sem carne,... Seu húmus agora abunda.
Não há cemitério mais maldito
Do que o meu córtex cerebral,...
E nele, a saudade faz-se catedral...
E é o habitat de um choro infinito.
Agoniza-me pensar que dormirei nesse lugar
Retalhem meu corpo, e doem o que prestar.
Desfragmentem meus ossos, essa vil escultura...
Há muito cálcio nessa estrutura.
Oh lápide que não verás meu corpo!
Tracei o meu destino quando vivia torto.
Se a terra é meu sepulcro, porque o céu é meu conforto?
Não quero padres, pastores e cânticos profanos...
Quero ser entregue aos bisturis dos estudiosos
Não me misturarei à sanha de hipócritas religiosos.
Oh mônada das minhas taxias!!!
A coluna funerária não verá lápide tão larval
Esse abstruso ser, vai pairar em um universo irreal.
CHICO DE ARRUDA.