Ensandecida

Uma insanidade cresce e come meu sentir.

Gargalha a loucura que me invade sem cerimônia.

O espelho mostra a figura distorcida...

Aura enegrecida de tristezas...

Lágrimas quebram-se como cristais no travesseiro de pedra.

Essa rua e tão minha, quanto aquele descaminho me pertence.

Pra que um céu infinito, esse mar cerceado?

O mundo é um hospício mal reformado.

Quantos loucos por mim passam em seus carros importados...

Eis na praça um velho em seu terno de domingo,

Levando o guarda-chuva pendurado no braço...

A menina faz pirraça, se joga ao chão, quer um balão vermelho...

O cão faz cocô no canto do canteiro...

Outro cão vem cheirar seu rabo...

Procuro o meu... Não tenho um.

Pombos ciscam a areia fina e uma gaivota declina sobre a onda...

Peço carona, ela nem liga...

Também como fugir dessa redoma hospícia?

Na há muralhas, não há salvação aos meus nem aos seus...

O Céu é a abóbada...

Somos cárceres.

Pobres cárceres da insanidade de Deus!

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 23/10/2011
Código do texto: T3293732