BARULHOS DO SILENCIO
BARULHOS DO SILENCIO
Quando eu morri..., foi um dia muito feliz
Para a família e amigos, aguardavam-me ansiosamente
Não conseguia sorrir, me debatia sem diretriz
Uma tapa e cortaram meu umbigo; mamava soluçosamente.
Cercado de deuses que viveram
Numa morte mística
Percebi que era diferente
Talvez, um idealista inocente
Um artista incoerente.
Tive amigos,... Covardes inimigos
Muitos viveram prematuramente
Marcharam morrendo paulatinamente.
Morri entre morros, asfalto, pantanal e mares
E conheci pessoas de prioridades vulgares.
Foi duro morrer num lugar
Onde a vida não valia velar.
Veio a consciência política
Não conseguia compreender
Como uma promissora nação
Morre sem solução.
Haverá o dia que iremos sublevar
Não mais falaremos emudecidos
O surdo sorrirá, ouvindo sua própria voz
Enxergaremos de olhos cegados
Rebrotaremos, sementes a proliferar.
Aos políticos de pensamento anão
Serão derribados pelo povo e pela educação.
Homens!!! Somos varias pessoas
Durante nossa morte
Devemos nos lembrar
De esquecer-se de tudo
Pois reviveremos corte por corte.
É no inesperado o sabor da vida.
Só a luz, não ilumina nossos caminhos
Necessitamos uns dos outros.
E nem só nas trevas há espinhos.
Como será a morte após a vida?
Morra sua vida mítica
Erigir-se-á ao teu Deus
E juntar-se-á aos teus mártires ateus.
Lá vou eu
Para o meu cadafalso
Copo erguido...
Ouvirei vozes invisíveis.
E na minha tumba de sobrevivência
Sou apenas,... Barulhos do silêncio.
CHICO DE ARRUDA.