EXTRATO DO MEU SUBSTRATO
(Sócrates Di Lima)
Essência da minha alma,
Meu substrato...
Uma nuvem calma,
Sobre minha cabeça, no meu retrato.
Um semblante abstrato,
Sem eco e sem nexo,
Palavras gritantes no contrato,
Regras do amor e sexo.
Na minha vida um distrato,
Quebra da vontade concreta,
Meu dossiê contido num extrato,
Registrado na alma do poeta.
Que preso na torre do seu pensamento,
Sem olhos virados para o Sol,
Não vê e nem sente o momento,
Da beleza que era o meu arrebol.
Livros escritos em páginas vivas,
Encadernado pelo tempo de amar,
Perpetuado no coração com vontades lascivas,
Que fizeram a alma de saudade gritar.
E do corpo pintado na mente,
Resta a imagem santa de um olhar vazio,
Olhos repintados em cores da semente,
Plantado no coração num dia frio.
E as mãos que buscam os toques atrevidas,
Em folhas que caem no outono,
Raízes da árvore sagrada das vozes ativas,
Que nunca deixar perder o sono.
Entáo, os labios cerrados,
Em lamúrios e cânções entristecidas,
Bocas e ouvidos Mudos se fizeram pra todos os lados,
Nâo mais sorriram nas noites amanhecidas.
E o que restou na noite fria de um inverso turvo,
Senão quadro frio mostrado no retrato,
Que em poesia mórbida em devaneio curvo,
No relato do extrato do meu substrato.