CIDÁLIA
 
 
Cidália não tinha sonhos
Cidália apenas vivia
Vivia dos outros sonhos
Dos sonhos que o outro trazia
 
Cidália bebia muito
Cidália também fugia
Fugia dos tantos tormentos
Que a vida lhe fazia
 
Cidália era generosa
Cuidava de todos com esmero
Cidália só não se cuidava
E nem se olhava no espelho
 
Pobre alma era esta
Que de tudo tremia
Do medo que a acometia
Nem brigar ela sabia
 
Entregava-se com afinco
A tudo que ia fazer
Só não se entregava
Por não mais querer sofrer
 
Carregava até a água
Em peneira furada
Para que nada faltasse
Àqueles a quem amava
 
Um dia Cidália se viu
Diante de sua imagem
Caiu em total desespero
Dera fim à sua miragem
 
Desencantada a flor
Arrancara as suas pétalas
Murchara devagarzinho
Morrera a poeta


ROSA SERENA
Enviado por ROSA SERENA em 29/03/2011
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T2876864
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.