Quase silêncio

Nunca estarás morto de frio, nunca!
Teu sangue ferve
Emerge da verve
Tal qual uma lava concisa
Te salva da morte
Te queima vivo
Num vulcão de saliva
Em torpores obsessivos...
Nunca estarás morto de frio, nunca!
Tua aspiração é uma fenda fluindo
Lenda de entorpecer orifícios,
Numa cadência específica
Controla sangue e vísceras
Numa autossuficiência tão lírica
Capaz de reverter sacrifícios...
Sombrio, torturador e infactível
É  o símbolo do sofrimento díspar,
Que geme feito um pagão incorruptível.
Mas não se trata disso
Não é dessa morte, o altar!
Nunca, nunca, estarás morto de frio,
Haverá sempre, mais indício de ar...
Teu sangue ferve
Num mangue de fólclore insalubre
E antes
Bem antes, que te mate a insanidade dos versos
No debrum imaculado desse açude de amantes,
Me salvarás então
Com teus monossílabos  arfantes,
Feito um guerreiro e sua espada!
E sorriremos quase livres,
Até que, um outro porão,  não nos caiba!
Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 13/03/2011
Reeditado em 13/03/2011
Código do texto: T2845771
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