Silêncio Total
Não falo,
Não grito,
Não urro,
Mas sinto a dor que enlouquece meus iguais.
Digo do meu jeito, a sensação de ser viva,
O viver de cada dia, experiência única.
Não falo meus pensamentos, mas os transmito a outros.
Não digo que não gostei, mas me faço entender.
Não escuto o barulho da chuva,
Mas sei a sensação que tens quando a água cai à minha face;
Não ouço o estrondo dos trovões,
Mas sei o arrepio que causam quando vejo sua luz;
Não sei qual é o som do mar, das águas batendo nas rochas,
Nem do pequeno mar escondido dentro de uma concha,
Mas sei qual é a sensação quando sinto a brisa marítima.
Não grito a dor, mas a percebo;
Não digo palavras, mas me comunico.
A voz que clama por justiça, essa eu tenho.
A voz rouca que grita o final da guerra, da fome, da miséria,
Da política suja e perversa...
Essa voz eu solto.
Essa voz que grita por esperança
Essas sangram minhas mãos, que não param de lamentar meu silêncio
Mostrando minha indignação pelo que vejo.
No silêncio que vivo, percebo os mesmos problemas, os mesmos sintomas,
Os mesmos devaneios, os mesmos hematomas...
Mas não uso palavras para me expressar:
Uso a voz do coração.