Da séria série: POEMAS ENCARDIDOS

Calafrios
 
O celular empoeirado retrata a desordem da Alma.
Tantos dias amontoados em sistemáticos e decadentes silêncios...
A cabeça propensa aos horrores das lâmpadas queimadas,
Tudo articulado para uma desastrosa comunhão de fantasmas.
Alguma coisa caiu lá no fosso da cozinha
Deixa para lá, não tem quem a procure,
Eu já sei, ela é uma coisa só minha!
 
As tristezas coordenam agonias e voluptuosas armadilhas
Lamuriento pesadelo dos espelhos abjetos,
E o corpo miseravelmente tombado num desgosto infame
Sabe que logo logo outra pane virá, uma após outra
Uma após outra e após e após e depois
E umas porcas dos remorsos mergulhadas em poças fétidas
E umas morsas se debatendo pelo absoluto excesso de cedilhas:
InchaÇão, cansaÇo, estilhaÇo, enguiÇo, carniÇa, contaminaÇão!
 
Mas que droga,
Esse gosto surpreendente de naftaleno
Que sobrou de umas arrumações antigas, de uns assuntos nada recentes,
Esse cheiro me afoga!!!
O sol arrebenta lá fora
Por um momento, a vista espreita, mas nada se ajeita
Aqui , nessa cama estreita, a sombra dele não se deita comigo.
E  quedo mais um pouco,  intimidando o teto de reboco tão frio...
 
 
 

"Todo o homem saudável consegue ficar dois dias sem comer - sem a poesia, jamais."

"A imaginação é positivamente aparentada com o infinito"

Charles Baudelaire

 
 
 
Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 31/01/2011
Reeditado em 31/01/2011
Código do texto: T2763005
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.