BATEL FURADO

São tantos os delírios

tantos os martírios,

tanto são os lírios

que afogam-me em rios.

Da imaginação

por muita emoção

que cultiva a poesia

ao som da sinfonia,

ao som do coração.

É uma loucura

declarar o seu amor

a esta altura

em que a vida é dor

sem nenhuma lisura.

Delíros da natureza,

ave de papo amarelo,

beija-flor, que beleza!

dá um beijo singelo.

A begônia, a margarida,

o sonho de filhote

com uma das asas ferida,

a serpente em seu bote.

São da vida os delírios

de delirantes poetas,

que viajam por entre assírios

no tempo dos profetas.

São tão alucinados

aqueles apaixonados

que falam sedução,

e calam o coração.

Que fado enfado,

que escolhe o romântico

sem olhar o seu estado,

cruzam o atlântico

num batel furado.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 20/12/2010
Reeditado em 20/12/2010
Código do texto: T2682423
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