BATEL FURADO
São tantos os delírios
tantos os martírios,
tanto são os lírios
que afogam-me em rios.
Da imaginação
por muita emoção
que cultiva a poesia
ao som da sinfonia,
ao som do coração.
É uma loucura
declarar o seu amor
a esta altura
em que a vida é dor
sem nenhuma lisura.
Delíros da natureza,
ave de papo amarelo,
beija-flor, que beleza!
dá um beijo singelo.
A begônia, a margarida,
o sonho de filhote
com uma das asas ferida,
a serpente em seu bote.
São da vida os delírios
de delirantes poetas,
que viajam por entre assírios
no tempo dos profetas.
São tão alucinados
aqueles apaixonados
que falam sedução,
e calam o coração.
Que fado enfado,
que escolhe o romântico
sem olhar o seu estado,
cruzam o atlântico
num batel furado.
(YEHORAM)