MATA-BURRO
(Portal do amor)
(Sócrates Di Lima)
Atravessei meu próprio mata-burro,
Não tive vontade de a minha porteira abrir.,
Desse jeito me fiz inseguro,
Em todos os lugares que pude ir.
Em outros tempos, por ele já passou sonhos tantos,
Pesadelos tropeiros.,
Montarias de todos os cantos,
Corações seresteiros.
Outrora, por ele passou mulheres encantadas,
Idades diversificadas.,
Cores multiplicadas,
Sorrisos em bocas tantas beijadas.
No passado, por ele passou doces paixões,
Loucas vontades acima das razões.,
Imprevisíveis formas de tesões,
Que ultrapassaram minhas emoções.
Que loucura..que loucura....
Toda essa envergadura.,
Nestes meus sonhos em ranhuras,
Sem que minha alma estivesse segura.
E, havia pouco mais de um ano, quando fechei meu mata-burro,
Para nunca mais reabri-lo,
Construí uma passagem de porte seguro,
Onde apenas o amor poderia segui-lo.
E assim o fiz,
Descobri que com tão pouco se é feliz.,
Mas, faltou-me o que eu mais quis,
Fazer eterno aquele amor desde a raiz.
E, de fato eu fui feliz com todas as inspirações.
Embrenhei-me na mata virgem das minhas vontades.,
Cortei árvores e ervas daninhas e plantei minhas emoções,
Colhi minhas verdades e armazenei minhas saudades.
Hoje transformei tudo em um único portal,
Portal da saudade e das lembranças a toda hora.,
Por onde atravessa meu carrossel final,
Vazio, em busca do que ficou aqui, do lado de fora.