Inconcebível
Ó, verso aprazível!
Não posso escrever-te
Qual mãe pare um filho!
As dores que sinto...
Não posso externá-las
Num doce estribilho.
Se és tu tão profundo
E se habitas o mundo
Das coisas sensíveis,
Buscai outras penas,
Que em mim, cantilenas
Não são concebíveis.
Buscai outro peito,
Buscai outra mente,
Brotai noutra alma.
Pois sou estro estéril,
Sou ventre maldito,
Só produzo trauma.
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