Eu e o Vizir

Íamos pela rua e perguntei:

_ Qual o limite entre a arte

[ e o concreto?

[ entre o apolínico e o dionisíaco?

Disse ser uma película.

Preocupado insisti:

_ Qual a espessura desta película?

Disse ser do tamanho de um alô fático.

De súbito ordenou-me:

_ Não olhe o chão do meio-fio.

Curioso eu quis saber:

_Que se passa?

_Dois homens violentam a realidade,

[estão estuprando o presente!

Ouvi socorros,

Choros de crianças,

Risos,

Gemidos,

Vaias...

Não me contive, olhei.

Eram dois poetas:

Um sorriu ao se ver no filho;

O outro não se reconheceu, enlouqueceu.

O presente era um passado ensangüentado

E a humanidade se masturbava em cima da calçada.

Arquelau de Satna
Enviado por Arquelau de Satna em 18/06/2010
Código do texto: T2327559
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