Eu e o Vizir
Íamos pela rua e perguntei:
_ Qual o limite entre a arte
[ e o concreto?
[ entre o apolínico e o dionisíaco?
Disse ser uma película.
Preocupado insisti:
_ Qual a espessura desta película?
Disse ser do tamanho de um alô fático.
De súbito ordenou-me:
_ Não olhe o chão do meio-fio.
Curioso eu quis saber:
_Que se passa?
_Dois homens violentam a realidade,
[estão estuprando o presente!
Ouvi socorros,
Choros de crianças,
Risos,
Gemidos,
Vaias...
Não me contive, olhei.
Eram dois poetas:
Um sorriu ao se ver no filho;
O outro não se reconheceu, enlouqueceu.
O presente era um passado ensangüentado
E a humanidade se masturbava em cima da calçada.