ETERNO DESCANSO

Em mim,

a lembrança do tédio na alma,

a chama, a cinza sombria de Fênix sagrada.

A solidão atroz da vida e da infância passada,

como imagem noturna de lua de prata...

tremulando nas águas infinitas do mar.

Em mim,

a brisa noturna do cais tocando no corpo.

Sussurros dementes na quietude calada da noite.

O barulho das ondas nos pilares sombrios do porto.

Lágrimas e dor espalhadas no rosto.

A navalha afiada de tocaia no bolso,

esperando a carne cortar.

Em mim,

desespero e sofrimento insano,

o corte profundo no pulso,

o jorro vermelho de sangue.

O sibilante grito noturno..

ecoando no oceano distante,

aguardando a morte chegar.

Em mim,

a calma e o silêncio esperado.

O descanso eterno encontrado.

O bálsamo profano da alma e da vida.

Um corpo como barco ainda a deriva,

iluminado do alto pelo luar prateado,

flutuando sem rumo deitado...

nas águas infinitas do mar.

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 21/05/2010
Reeditado em 19/04/2016
Código do texto: T2270298
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