ETERNO DESCANSO
Em mim,
a lembrança do tédio na alma,
a chama, a cinza sombria de Fênix sagrada.
A solidão atroz da vida e da infância passada,
como imagem noturna de lua de prata...
tremulando nas águas infinitas do mar.
Em mim,
a brisa noturna do cais tocando no corpo.
Sussurros dementes na quietude calada da noite.
O barulho das ondas nos pilares sombrios do porto.
Lágrimas e dor espalhadas no rosto.
A navalha afiada de tocaia no bolso,
esperando a carne cortar.
Em mim,
desespero e sofrimento insano,
o corte profundo no pulso,
o jorro vermelho de sangue.
O sibilante grito noturno..
ecoando no oceano distante,
aguardando a morte chegar.
Em mim,
a calma e o silêncio esperado.
O descanso eterno encontrado.
O bálsamo profano da alma e da vida.
Um corpo como barco ainda a deriva,
iluminado do alto pelo luar prateado,
flutuando sem rumo deitado...
nas águas infinitas do mar.