Reticência

A mudez é o eco recatado e eu sou a reticência,

de chances,de vinho velado, cânticos divididos;

tudo quase chegando,ainda por vir me distancia

em ruas desertas, álamos incertos e soluçados!

Quando era do acaso, andava singrando noites,

cheias de sons e paixões;isto foi muito antes

da saudade em mim vir morar e tudo recomeçar,

sem nunca concluir nesta vida um doce lembrar!

Meu tempo é o que passou, primavera fechada,

cujas heras brotaram, perfumaram, já ornaram,

pintand’agora a suave tela eternamente úmida,

com cheiro fresco que as memórias guardaram!

Nas vozes de carência muda da vida idealizada,

renasci, como a reticência do eterno prosseguir.

Onde?O destino ditará e depois, na sua guarida,

na paz de quem já viveu,sei qu’ainda vou florir!

Santos-SP-26/08/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 26/08/2006
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