Madrugada

Noite! Nela todos, temos medo.

E eu espero receber alguém nesse escuro

Mesmo pelo tanto que temo.

A TV ligada desvia meu amedrontamento

Devo ignorá-la?

E trazer com a desocupação

Uma tonelada de pensamentos póstumos.

Preciso escrever baixinho

Enquanto meu ouvido ainda zombe

Enquanto ainda me arrepio.

Tem que ser esta noite! Necessito do luar.

Ah! E este silêncio! A agonia da madrugada

Trazendo a véspera negativa do dia

Este raio, ainda fraco, ofuscando minha visão.

Parece à verdade querer tomar conta de mim.

Sei que na penumbra

Sou aquilo que vim pra ser

Pois se eu quiser gritar

Demorarei ser ouvido

Autor: Álvaro França