Enquanto chove no jardim

faz de mim estas palavras,

não menos de dor, menores de medo...

alguns olhos me espreitam,

ninguém me vê, me respira, me ama...

sou uma folha de água,

um olhar de borboleta,

uma mente insana e aprisonada pela face...

Não sei! as formas não me cabem,

são extensas de tantas paredes vazias,

retratos do meu passado, minhas imagens velhas...

E você permanece me espreitando,

me enlouquecendo ao expor a sua boca...

que um dia beijei, deliciei, fingi...

Você não...

você não... mergulhou comigo

nesse meu conto de fadas tão absorto,

tão vulnerável, belo e vexante.

Tinha uma luz, champagne, perfume,

desejo pele mão olhar beijo pele mão e... pausa!

intenso demais, sonho demais...

Respiração, alguém bateu a porta atrás de mim...

só -solidão, sofreguidão, imensidão,

cadê o meu sabor...? em que momento se perdeu?

Tens mãos frias agora,

não lapidam minhas curvas, minhas súplicas...

não esparramam meus cabelos no ar,

não me acarinham mais.

Talvez os meus fantasmas me entendam,

alguém canta uma canção de amor,

enquanto chove no jardim...

roxie
Enviado por roxie em 10/12/2009
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