VAN DOG (Comente)

Escorre o grito entre alma

O sol fecunda a epiderme

O céu azul me cega

Suor vivo e preguiçoso

Ergam as frestas

De onde se escondem as almas

Nada agora tem órbita

Tudo e cadente

Língua serpente

Braços são tentáculos suicidas

Meu grito que se perde

Nos labirintos da vida,

Nos braços da frágil criatura

Que já não sabe carregar

A loucura da próxima estação.

VAN DOG

As cores sorriem

se estampam entre si

Um cão do inferno sorri

Seu nome é Van Dog

Criatura transfigurada em gente.

Van Dog vai além,

Além das cores,

Além do álcool e do raxixe.

Van Dog vai além do real.

Missionário do caos

Van Dog espuma as cores

Sente seus amores

Sendo decapitados pela sanidade do real.

MEU AMOR

Meu amor

Sou pura teoria

Falso demagógico e ant-humano.

Sou fundo de pano

Que cai em pleno gozo

do espetáculo ridículo.

Sou amor de todos os signos sem ascendentes.

Sou teu amor decadente,

E mesmo assim me queres feliz.

UM VERSO

Meu verso é um universo mal escrito

Mas habitado por sentimentos quase reais

Pois o quase é o grito

Dos quase vencedores,

Dos quase amados,

Dos quase premiados.

ASTRÓLOGO

Não vejo futuro

Nem presente

Nem passado.

Já nascestes morto e enterrado.

Marcos Marcelo Lírio
Enviado por Marcos Marcelo Lírio em 25/10/2009
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T1886318