Delírio

Teu rosto me aparece, noite e dia.

Invade-me de calor e agonia

Sinto-me louca e profundamente aflita

Num descontrole total minha alma grita!

Sem rumo caminha desesperada

Tentando curar a dor de antiga chaga

E tua face surge, a tentação te acompanha!

Doce, rebelde, implacável, estranha.

Não sei se é sonho ou realidade pura

Ouvir tua voz que docemente me tortura

Incendeia meu corpo com fogo brando

De um sonho delicado e branco

Tão forte é o desejo que me deixa fraca

E uma febre alta, o meu corpo inteiro ataca!

Então me vejo escravizada

Por tua boca e tuas mãos, acorrentada.

E dissolve o meu vestido deixando-me nua

Delirando palavras, digo que sou tua.

Mas de angustia meu corpo fica inquieto

Por revelar o que tenho de mais secreto

Por fim. Depois da ilusão. A consciência, recobro.

E lamentando a verdade dura. Abro os olhos, e acordo!