Subtraindo os demônios

I

Preguiça

Sei! Quer me enganar com esse ócio falso

Não é? maldito demônio da preguiça!

Para livrar-me de ti não é necessário cadafalso

Nem reza de missa,

Basta escrever uma frase simplória:

“O que faço agora entrará para a historia.”

Te troco pelo orgulho – este sim prolífico –

Em vez de ti nobilitar na ignorância.

Somente os corvos gostam do mefítico

Estado vegetativo; prefiro sentir a ganância

Proporcionada pelos vícios da auto-afirmação

(Ênfase egoísta impulsionada pela onírica imaginação).

II

Orgulho

Príncipe, herdeiro do último trono!

Zadig da desventura corriqueira,

Sei que perdido estás no sono

E que logo serás apenas caveira.

Estás fútil – desprovido de saúde –

Isolado nas montanhas do sábio ermitão.

Teu legado será somente um ataúde

Empoeirado, erguido pela atra solidão.

Ó príncipe errante, aqui tua jornada se cessa.

Não és mais nenhuma aspiração minha.

Teu reinado me desinteressa,

Deixaste de ser uma sombra daninha.

E para exorcizar-me de ti acendo a luz

Da idiossincrasia antagônica

(Natural e isenta de pus)

Que permeia minha substância ideal platônica.

E sem sonhos ou objetivos para realizar,

Nessa tumba que tu dorme, empoeirada,

Ó Orgulho decrépito, irei me deitar,

Pondo fim também na minha irremediável jornada.

1° de julho de 2009

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 15/07/2009
Reeditado em 24/11/2009
Código do texto: T1700606
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