O poeta no diva
Se a ti digo ter um amor eterno que me povoa,
nao creias na poeta que com a imaginaçao voa,
alienada nas asas da seduçao e do faz de conta,
haverà amor em mim ou o anseio que encanta?
Se chove me molho n’agua mas imagino cristais
doces,gotejantes em forma de coraçoes imortais;
sinto-me de ouro nos raios que o sol me envia,
no entanto, calor exagerado so alonga meu dia!
E num dia extenso espicham-se mais pensamentos,
nem sempre meus, mas de tudo que existe e pensa,
oh, perdoe esta franqueza fria que decepçao lança,
nao sou de carne todavia,apenas rastro dos ventos!
Amar eu amo, alucinada e ilimitadamente, a VIDA
magica que me proporciona ser de todos e de tudo,
num toque impesoal que me trouxe cada alvorada;
a ti dedico os dons da aurora que tirei do mundo!
Doente em corpo sao, hà tristeza alegre que soluça
em meus passos de passaro, nao sei mais quem sou;
arguo ao diva analista sem garantia nem esperança:
Serei exclusivamente eu ou o poeta longe me levou?
Grenoble-Fr-12/05/2006