Glosa
Mote:
Vivemos sobre o túmulo de nossos pais!
Desde que o homem é homem
E conhece a fome
Brotar como gérmen,
Como uma maldita sem nome,
O homem passou a ser erectus
E não comer somente cactos.
Ele começou a pensar:
Vivemos sobre o túmulo de nossos pais!
Com o tempo a nos formar,
Nossa caixa craniana
Paulatinamente a aumentar
De forma tão tensa e insana,
Passamos de seres criados
Para exímios criadores de coisa alguma
E pegando o petróleo pensamos:
Vivemos sobre o túmulo de nossos pais!
Agora disformes, compactados
E para sempre selados em negras gotas
E como se não bastasse isto o queimamos
No motor de nossos carros e motocas,
E com seus dejetos fazemos o asfalto
Que dia-a-dia nós pisamos e em troca
Somos todos por ele assados,
Vivemos sobre o túmulo de nossos pais!
E com nossa arrogância pseudo justificada
Não vemos que no amanhã seremos nós
A termos nossas memórias incineradas
Pelos motores a combustão,
E a voarmos alto nos motores de cada avião
E somente assim entenderemos
E tão citado axioma netas linhas:
Vivemos sobre o túmulo de nossos pais!
JP 7/03/09 14:20